Reconhecimento e valorização. Frequentemente usamos essas palavras de forma intercambiável e pensamos nelas como sendo a mesma coisa. Porém, ao mesmo tempo que ambas são importantes, há uma grande diferença entre elas. Para líderes que desejam que seus times se desenvolvam e empresas que gostariam de criar culturas de engajamento, fidelidade e alto desempenho, é importante entender a diferença.
Reconhecimento significa dar feedback positivo com base em resultados ou desempenho. Algumas vezes, isso acontece formalmente: um prêmio, um bônus, uma promoção, um aumento. Algumas vezes, o reconhecimento é constatado mais informalmente: um agradecimento verbal, um bilhete escrito à mão. Todos esses métodos podem ser significativos, especialmente se forem feitos na hora certa e forem sinceros. São também motivadores e empolgantes — todo mundo quer ver seu trabalho bem feito sendo aplaudido.
No entanto, existem limites para o reconhecimento. Primeiro, o reconhecimento tem como base o desempenho e, portanto, é condicional. Segundo, tem como referência o passado, então é sobre o que as pessoas já fizeram. Terceiro, acontece esporadicamente. Há uma quantidade limitada de reconhecimento para ser distribuído — nem todos podem receber um bônus ou serem mencionados pelo nome em um e-mail — e pode ser estressante quando muitas pessoas disputam uma quantidade limitada de elogios. Quarto, geralmente tem de vir do escalão superior. Muitas empresas criam programas que permitem que os colegas enfatizem os esforços mútuos, mas as principais formas de reconhecimento (promoções, aumentos e assim por diante) são geralmente concedidas pelos líderes seniores.
Embora o reconhecimento que envolva compensação monetária possa ser ótimo, pesquisadores da London School of Economics descobriram que incentivos financeiros podem sair pela culatra quando se trata de motivar os funcionários. De acordo com a análise de 51 testes, “esses incentivos podem diminuir a tendência natural de um funcionário completar uma tarefa e ter prazer em fazê-lo”.
A valorização, por outro lado, refere-se ao reconhecimento do valor inerente à pessoa. Aqui, a questão não é o que ela faz. É seu valor como colega e como ser humano.
De uma forma simples, o reconhecimento refere-se ao que as pessoas fazem; a valorização refere-se a quem as pessoas são.
Essa diferença é muito importante porque o reconhecimento e a valorização são demonstrados por diferentes motivos. Mesmo quando as pessoas são bem sucedidas, inevitavelmente cometerão erros e encontrarão desafios pelo caminho; dependendo do projeto, pode até não haver resultados tangíveis a serem alcançados. Se você se concentra apenas em elogiar os resultados positivos, no reconhecimento, perde muitas oportunidades de se conectar com e apoiar sua equipe – de valorizá-los.
A Oprah Winfrey falou sobre isso enfaticamente, quando fez um discurso em uma colação de grau, em Harvard, alguns anos atrás:
Tenho de dizer que a lição mais importante que aprendi em 25 anos, conversando todos os dias, com pessoas, foi a de que existe um denominador comum em nossa experiência como seres humanos. O denominador comum que encontrei em cada entrevista é que queremos obter aprovação. Precisamos ser compreendidos. Fiz mais de 35 mil entrevistas em minha carreira. E assim que a câmera desliga, todo mundo se volta para mim e inevitavelmente, cada um do seu jeito, faz a seguinte pergunta: “Foi bom?”. Escutei isso do Presidente Bush. Escutei isso do Presidente Obama. Escutei isso de heróis e de donas de casa. Escute isso de vítimas e de criminosos. Escutei isso até da Beyoncée, de cima de seu salto alto…[Nós] todos queremos saber uma coisa: “Foi bom?” “Você me escutou?” “Você me viu?” “O que eu falei fez sentido para você?”
Ophra está falando de valorização. E quando demonstramos que valorizamos nossos colegas, consumidores, gestores e parceiros, estamos mais inclinados a confiar e nos conectar.
Aqui estão algumas formas simples de mostrar que valorizamos aqueles à nossa volta:
Ouça. Uma das melhores coisas que podemos fazer pelas pessoas com quem trabalhamos é algo muito simples: ponha seu celular de lado, saia do computador e escute essas pessoas, de verdade.
Diga para as pessoas o que você valoriza nelas. Fazer isso proativamente — não porque alguém fez alguma coisa incrível, ou porque você precisa de algo delas — é um presente extremamente valioso. Pode impactar de forma positiva como seus colegas se sentem em relação a si mesmos, em seu relacionamento com eles, e na cultura da equipe.
Veja se estão bem. Uma citação, frequentemente atribuída a Teddy Roosevelt, diz: “As pessoas não estão preocupadas com o quanto você sabe, até que saibam o quanto você se preocupa”. Independentemente de quem disse isso, é algo importante para se lembrar. Veja se as pessoas com quem trabalha estão bem. Perguntar a elas como estão (demonstrando interesse) e o que estão vivendo no momento pode mostrar que você realmente se importa.
Mostrar que você valoriza seus funcionários é especialmente importante se você for um gestor. Na Pesquisa de Avaliação de Funcionários da Glassdoor, 53% das pessoas afirmou que sentir-se valorizadas pelos seus chefes faria com que permanecessem mais tempo na empresa — embora 68% afirmasse que seus chefes já demonstravam que as valorizavam bastante. A lição? Quanto mais, melhor.
Conforme abordei em minha palestra do TEDx sobre esse assunto, os grandes líderes precisam se concentrar, com sucesso, em cultivar tanto a valorização como o reconhecimento. Todos nós nos beneficiamos nos negócios (e na vida) ao entender essa diferença. O reconhecimento é apropriado e necessário quando conquistado e merecido. A valorização, no entanto, é importante o tempo todo.